Há alguns dias saíram os
resultados do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade promovido pelo IPHAN. Este
prêmio reconhece o valor de bens materiais e imateriais como patrimônio de
relevância nacional. Entre mais de 200 inscritos, o Parque Nascentes de
Paranapiacaba, foi um dos 6 finalistas na categoria de "Patrimônio
material: bens imóveis, paisagens naturais e culturais" e isso tem um grande valor. Primeiramente, por que
concorríamos dentro de uma categoria onde o protagonista sempre foi o bem
imóvel, o grande objeto de estudo e tombamento do IPHAN ao longo da sua
história. Reconhecer o valor de uma paisagem natural entre tantos e mais
exemplos de bens imóveis, revela a importância do Parque Nascentes de
Paranapiacaba como PATRIMÔNIO. Defendemos na sua candidatura, alguns aspectos
da sua enorme biodiversidade; a importância da sua localização dentro da área
metropolitana de São Paulo, que insiste em avançar sobre a área de mananciais,
da sua condição de guardião da qualidade e volume das águas que abastecem a
Billings e portanto, 2 milhões de pessoas diariamente; do seu modelo de gestão participativo e sustentável em prática há 10
anos, que alia educação ambiental, pesquisa e ecoturismo, da existência de um
Plano de Manejo Participativo, ferramenta fundamental para as Unidades de
Conservação, mas que poucas unidades possuem.Mas, sinceramente, acredito que o
grande patrimônio que este Parque revela é o fato de que mesmo uma área quando
amplamente antropizada, isto é, tocada e transformada pela ação do homem, pode
literalmente renascer, regenerar-se e voltar a ser FLORESTA.
O entorno da Vila
de Paranapiacaba foi totalmente cortado a raso no auge da ferrovia. Porém,
quando a natureza é amparada por políticas públicas que visam sua preservação e
recuperação esta pode regenerar-se. Pode voltar a abrigar uma enorme
biodiversidade dada por perdida 50 anos antes e garantir a existência das
nascentes que alimentam uma represa de capacidade metropolitana. Pode ser
objeto de pesquisa científica, de educação ambiental e ainda acolher a
visitação pública diariamente. A natureza tem estes mistérios, permite estas
esperanças quando muitas vezes, técnicos e gestores públicos insistem que uma
área já antropizada não é passível de
recuperação ambiental.
O Parque Nascentes de Paranapiacaba é testemunho mais do
que vivo de que as políticas de proteção ambiental são capazes de regenerar territórios
estratégicos, capazes de garantir vida com qualidade, de garantir um futuro
desejável. Isso torna o patrimônio VIVO, PRESENTE e FUNDAMENTAL para a cultura
onde ele está inserido. Isso faz com que o Parque Nascentes seja reconhecido
nacionalmente como patrimônio. Vida longa ao Parque Nascentes!
Ana Paula Lepori - Diretora
de Meio Ambiente de Paranapiacaba e Parque Andreense - Santo André.
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